Dermatologia Clínica e Cirúrgica

Acne

Afecção inflamatória bastante frequente, crônica e multifatorial que acomete principalmente jovens de ambos os sexos, podendo acometer adultos numa menor proporção. Apresenta-se sob a forma de comedões (cravos) abertos ou fechados, pápulas inflamatórias e pústulas (espinhas), podendo haver, em alguns casos, formação de cistos e nódulos. Em casos mais graves, a ausência de tratamento pode levar a formação de cicatrizes de difícil abordagem terapêutica. Outros tipos de acne são a acne neonatal, infantil, por medicamentos, cosmética, tropical e mecânica. O tratamento pode ser realizado através de medicamentos tópicos como os retinóides, antibióticos tópicos, ácido azeláico, sistêmicos através de antibióticos, hormônios anti-androgênicos, corticoterapia e isotretinoína Roacutan®. Outros tratamentos que podem ser associados são peelings e a microdermoabrasão. As cicatrizes de acne podem ser tratadas através do uso de preenchedores (cicatrizes distensíveis) como o ácido hialurônico e o ácido poli-L-lático, por técnicas cirúrgicas como a excisão com punch, subcisão (cicatrizes não-distensíveis), dermoabrasão e laser.

Eczema

Afecção cutânea bastante frequente, caracterizada pela presença de vermelhidão (eritema), inchaço (edema), infiltração da pele, formação de vesículas, secreção, formação de crostas e escamas, em geral acompanhada de prurido (coceira). Podem ser aguda, subaguda ou crônica. Como exemplos, temos a dermatite ou eczema de contato, eczema de estase e a disidrose.

Dermatite atópica

Doença eczematosa frequentemente associada à rinite e à asma, em que a pele reage a inúmeros estímulos, ocorrendo na infância, no período pré-puberal e no adulto. A coceira (prurido) é sintoma frequente e as lesões normalmente localizam-se na face, áreas flexurais, dobras e região do pescoço. Inúmeros fatores influenciam a doença. O objetivo do tratamento é o controle da doença, uma vez que não há nenhum recurso definitivo para a sua cura, embora possa ocorrer involução espontânea no decorrer dos anos. Podem ser utilizados corticoides tópicos, imunomoduladores tópicos, antibióticos, anti-histamínicos sistêmicos, entre outros, de acordo com cada caso.

Cuidados que devem ser tomados:

  • Banhos rápidos, em água morna, de até 5 minutos. Uso de sabonetes neutros (sem fragrância) no máximo uma vez ao dia, apenas nas áreas de dobras. Não esfregar a pele com esponjas ou buchas.
  • Aplicar emolientes imediatamente após o banho a fim de preservar a hidratação cutânea, várias vezes ao dia, evitando cremes a base de ureia que pode causar ardor e irritação na pele do atópico.
  • Evitar contato com poeira, pelos de animais, fungos (bolores), uso de carpetes, tapetes, cortinas ou brinquedos de pelúcia.
  • Manter umidade no ambiente, evitando ar-condicionado, podendo ser utilizado umidificadores ou vaporizadores.
  • Uso de roupas de algodão, evitando uso de roupas de lã e sintéticos, lavadas com sabões neutros.
  • Corte das unhas frequente a fim de evitar escoriações decorrentes do prurido.

Vitiligo

Afecção relativamente frequente, caracterizada pelo aparecimento de manchas claras devido destruição das células (melanócitos) responsáveis pela produção de melanina que contribui para a coloração da pele. Acomete cerca de 1% da população, podendo estar relacionada a fatores genéticos, após traumas e queimaduras solares. Muitos pacientes atribuem o começo da doença a um trauma emocional. As manchas apresentam tendência à distribuição simétrica, acometendo principalmente regiões dos punhos, dos dedos, das axilas, das pernas, região ao redor da boca, região ao redor dos olhos, pescoço e genitália. O exame pela luz de Wood (luz negra) permite verificar melhor a extensão das lesões e a resposta ao tratamento. A evolução é imprevisível. A abordagem clínica consiste no uso de fotoprotetores (obrigatório em todos os casos), uso de corticoides, psoralênicos (PUVA), UVB de banda estreita, laser e imunomoduladores. A abordagem cirúrgica consiste no emprego dos autoenxertos, esfoliação epidérmica, implantes por punch ou implantes por bolhas de sucção, principalmente para vitiligos que acometem apenas alguns segmentos e que estão estáveis (estacionados).

Hiperidrose axilar e palmoplantar

Hiperidrose é a sudorese excessiva envolvendo glândulas sudoríparas écrinas, podendo ser generalizada ou localizada. Pode ser primária (sem etiologia definida, relacionada principalmente a fatores emocionais) ou secundária (quando associada, por exemplo, a alterações hormonais, obesidade, uso de medicamentos e doenças neurológicas). O tratamento das hiperidroses primárias pode ser realizado através de medicações tópicas e sistêmicas, além do uso de toxina botulínica aplicada no local afetado.

Doença das unhas

Micoses ungueais, alterações da lâmina (fragilidade, descamação, linhas e fissuras), unha encravada (onicocriptose).

Manchas da pele

Melasma – manchas de bordos irregulares, geralmente simétricas, que ocorrem principalmente na face, podendo acometer outras áreas como pescoço, tórax e membros superiores. Doença própria das mulheres em fase reprodutiva, podendo acometer cerca de 10% dos homens. O diagnóstico é clínico, podendo ser realizado o exame pela luz de Wood ou, mais raramente, análise histológica da lesão. O tratamento consiste em uso de fotoprotetores potentes, despigmentantes,podendo ser indicado, de acordo com cada caso, o uso de peelings químicos, microdermoabrasão (“peeling de cristal”), lasers e luz intensa pulsada.

Hiperpigmentação pós-inflamatória – ocorre por aumento da melanina, superficial ou profundo, após quadro de inflamação da pele. O tratamento é similar ao utilizado para o melasma.

Hipopigmentação pós-inflamatória – manchas claras na pele em decorrência de processo inflamatório. O tratamento consiste em no estímulo a repigmentação com exposição solar, uso de laser (Excimer laser 308-nm), ou mesmo aguardar a repigmentação espontânea.

Queda de cabelo (Alopecias)

A perda dos cabelos (alopecia) adquirida pode ser dividida em dois grupos: cicatriciais e não-cicatriciais.
As alopecias cicatriciais são perdas dos cabelos de forma definitiva, podendo ser decorrentes de traumas
físicos ou químicos, infecções, neoplasias e outras dermatoses do couro cabeludo.
As alopecias não-cicatriciais ocorrem por perda dos cabelos sem atrofia cicatricial. Exemplos: alopecia areata, eflúvio anágeno, eflúvio telógeno e alopecia androgenética.
O tratamento das alopecias é dirigido de acordo com a causa, após avaliação criteriosa através da história, exame clínico e, caso necessário, exames laboratoriais.

Envelhecimento cutâneo

O envelhecimento cutâneo pode ser agravado como resultado da ação de diversos fatores como exposição solar crônica, doenças sistêmicas, hábitos (como o tabagismo, o etilismo), fatores genéticos, e até mesmo estresse físico e emocional.
Dois tipos podem ser considerados: o envelhecimento intrínseco e o extrínseco.

O envelhecimento intrínseco é o envelhecimento genético, progressivo, “natural”, relacionado com o tempo de vida.

O envelhecimento extrínseco surge como efeito da ação de múltiplos fatores, como exposição solar (actinossenescência), fatores hormonais, doenças crônicas e meio ambiente.

Como resultado do envelhecimento intrínseco e extrínseco, temos o adelgaçamento, desidratação, palidez e diminuição da elasticidade da pele, flacidez, alterações da pigmentação, alterações da gordura subcutânea, involução do esqueleto craniofacial, modificações do tônus muscular, alterações dos pêlos e unhas e fragilidade vascular. A exposição solar crônica leva a alterações da espessura, da coloração da pele e formação
de sulcos e rugas que, em conjunto, recebem o nome elastose solar.
Radicais livres: são formados durante o processo metabólico normal e pela ação da radiação ultravioleta.

O peróxido de hidrogênio, os radicais hidroxila, radical superóxido e oxigênio singlet (radicais de oxigênio) são exemplos, e estão envolvidos no processo oxidação de proteínas, DNA, RNA e de lipídios nas membranas celulares. As principais fontes de radicais livres exógenas são o álcool, o fumo, a radiação solar, resíduos de
pesticidas, o estresse a alimentação rica em gordura saturada e gordura animal. O excesso de radicais livres no organismo leva a um desbalanço entre o processo oxidativo e antioxidativo, culminando com o chamado estresse oxidativo, levando ao envelhecimento da pele.

O tratamento tópico do envelhecimento visa corrigir a deterioração do tecido colágeno e elástico, regular alterações das camadas da epiderme e das alterações de pigmentação da pele. Dessa forma, utiliza-se produtos como os retinóides, alfa-hidroxiácidos, vitaminas, anti-oxidantes, emolientes e neurocosméticos.

O tratamento deve ser feito de acordo com a idade e grau de envelhecimento de cada paciente, com a otimização do uso de cada ativo de acordo com a necessidade de cada indivíduo. A fotoproteção está indicada para todas as pessoas.

O tratamento sistêmico do envelhecimento visa a proteção do corpo da ação dos radicais livres através de dietas como a ingestão de frutas, vegetais, além de mudanças dos hábitos como fumo excesso de álcool, sedentarismo, dietas ricas em gordura saturada e o estresse.
Também podem ser utilizados vitaminas e oligoelementos antioxidantes com ação reparadora e preventiva do estresse oxidativo.

Herpes

O vírus do herpes simples é responsável pelo quadro de formação de vesículas na face e tronco, além de lesões genitais, sendo transmitido por contato pessoal, podendo ser transmitido na ausência de lesão clínica do portador.

Após a infecção primária, o vírus pode se tornar latente no organismo ou recidivar após exposição solar, traumas físicos e químicos, doenças sistêmicas, febre e após uso de alguns medicamentos. O tratamento é indicado para diminuir o tempo de duração das lesões na infecção ativa e para evitar as recidivas, através do uso de antivirais orais, fotoproteção e profilaxia nos procedimentos como peeling, laser e dermoabrasão.

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